Vamos à história? Quem foi então S. Valentim? Donde vem a associação ao Dia dos Namorados?
A origem remonta a um antigo festival romano (Lupercália) , realizado a 14 de fevereiro. Celebrava Juno (deusa da mulher e do casamento) e a fertilidade. Também Pan, deus da natureza, era lembrado nesse dia.
S. Valentim foi um bispo mártir, que ficou associado ao amor romântico após lutar contra a proibição do casamento no final da Idade Média, já que o imperador Cláudio II acreditava que os homens eram melhores combatentes quando solteiros.
Apesar da proibição, Valentim continuou a celebrar casamentos, a sua prática foi descoberta, foi preso e condenado à morte, por decapitação. O crânio do santo pode ser visitado numa das capelas laterais da Igreja Greco-Católica de Santa Maria em Cosmedin, Roma.
Conta-se que antes de morrer escreveu uma mensagem à sua amada que terminava com a expressão “o seu Valentim”, dando origem às mensagens do Dia de S. Valentim.
Donde vem a postalmania associada a este dia?
A tradição dos postais no Dia de S. Valentim veio de Inglaterra, onde, no século XIX, se oficializaram os cartões enfeitados e se celebrizou a frase “Would you be my valentine?”. Há 1700 postais sob a guarda do Museu de Londres. As jogadas publicitárias fizeram o resto...
Quais são as duas importantes efemérides que o dia apaga?
É também o Dia Nacional do Doente Coronário. Foi instituído pela Fundação Portuguesa de Cardiologia, que aproveita a efeméride para alertar para a necessidade de cuidar do coração 💝- para além do romance mas sem o excluir, claro!
Também a 14 de Fevereiro se assinala o Dia Europeu da Disfunção Eréctil - que afeta cada vez mais homens. E mais cedo.
A concorrência de S. Valentim é forte! O Dia dos Namorados é também o Dia da Namoradas, claro! Há tanto postal para ver, tantas prendas para trocar😊! Mas continua a ser tempo de nos mantermos saudáveis - até para que o S. Valentim seja celebrado "comme il faut"!
E "the last but not the least"e sem querer estragar o dia:
Num artigo publicado hoje pelo jornal Público, da autoria da jornalista Ana Cristina Pereira, pode ler-se a entrevista a Margarida Pacheco, uma das autoras do Estudo sobre Violência no Namoro e nela se refere que há " uma banalização e uma naturalização de alguns comportamentos de violência no namoro, mais ao nível do controlo e da violência psicológica".
Vejamos algumas conclusões de forma breve:
Os rapazes legitimam mais a violência
Há mais raparigas vítimas em todas as formas de violência, menos na física.
Nas relações homossexuais há rapazes vítimas de outros rapazes.
Há hoje novas formas de namoro e novas formas de violências, via online: trocam "mensagens, prints ou nudes " - vídeos de "cariz mais sexual".
O final da relação pode trazer todo este conteúdo para a net: 20,7% dizem ter sofrido violência através das redes sociais.
Parece haver a "emersão de uma certa perversão da ideia de igualdade de género, na crença de que ser igual é fazer igual": se "ele faz, eu também faço”, dizem-me. “Se o meu namorado mexe no meu telemóvel sem autorização, eu também mexo. Estamos em pé de igualdade".
Para "ajudar os jovens a perceber qual o verdadeiro sentido de igualdade" recomenda-se "começar a prevenção primária da violência com crianças do jardim-de-infância. E a partir daí deve haver uma prevenção holística durante muitos anos, a nível de auto-estima, de respeito, de aceitação de um não. Para que compreendam, quando estiverem numa relação de intimidade, que têm de ter limites: são pessoas diferentes, com gostos diferentes, com amigos diferentes, com comportamentos diferentes (...).". Nota pessoal: Permitam-me estranhar que nesta entrevista o foco da prevenção tenha sido posto apenas na escola - apesar de reconhecer a relevância social do estudo e a importância de desencadear respostas ajustadas em função dos desafios que coloca a nu, digamos. Pergunto: As famílias são incapazes ou não têm influência educativa sobre os filhos e o direito/dever de a exercer? Esse papel é/deve ser exclusivo da escola?
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