As últimas palavras de Buda terão sido
“Queridos discípulos: à multidão, prefiram a solidão. À agitação, a calma. Ao barulho, o silêncio.”
Consumido por ambientes ruidosos dentro e fora de nós onde pára hoje o silêncio?
Quem o lembra no meio da pressão das redes sociais, das correrias entre o trabalho, a casa e a escola dos filhos, o supermercado e as séries que as várias plataformas trazem até ao nosso sofá?
Quem tem tempo para parar, olhar para si e escutar-se? Quem ensina aos filhos a fazê-lo?
No entanto é conhecido o papel do silêncio para a saúde mental, reduzindo o stress e a ansiedade, aumentando a concentração e o foco, melhorando a qualidade do sono e o controlo emocional.
Tem alguém com demência por perto?
Agita sem saber porquê? Talvez o ambiente seja demasiado ruidoso...talvez as vozes... a música sejam altas...
Não falo de silêncio total e contínuo, como é evidente.
Falo de momentos de silêncio interior , organizadores da nossa ação, facilitadores da reflexão e processamento dos acontecimentos diários. Facilitadores, ainda, da nossa paz interna.
Se nem todos suportam o silêncio este não precisa ser total, pode aproveitar-se o momento para ouvir a música preferida, para meditar, ler...
O meu, por exemplo, é feito de silêncio puro e duro mas também de música, meditação, de leitura ou apenas de contemplação da natureza. E não vivo sem ele...
Em a Magia do Silêncio a autora dá uma sugestão para trazer algum silêncio até nós, ao mesmo tempo permitindo reconectar-nos à realidade , mesmo quando caminhamos na rua:
"1. Antes de sair de casa, lembre-se dos benefícios incríveis que poderá extrair deste exercício e repita para si mesmo que você não é um robô!
2. Em seguida, caminhe controlando a direção do seu olhar. Saiba exatamente para onde está olhando, no momento em que está olhando. Escolha não prestar atenção em propagandas, vitrines, pessoas, etc. Essa prática, descrita em diversas tradições espirituais, é denominada “concentração”.
3. Faça isso regularmente por cerca de cinco minutos em seu trajeto diário.
Observe os momentos em que a sua atenção escapa e perceba o que atrai o seu olhar. Ter consciência daquilo que interessa aos seus olhos é um magnífico instrumento de autoconhecimento. No início, o exercício pode lhe parecer difícil, sobretudo ao constatar a rapidez com que a atenção se dispersa. Calma: isso é normal! Mas é possível aprender a se concentrar de novo.
4. Para tornar o exercício mais fácil, comece olhando para baixo. As coisas no chão podem ser menos interessantes... (...) Mas, em geral, olhar para o chão, mirando poucos metros à frente, permite isolar-se ainda mais dos apelos visuais e centrar-se de novo com mais facilidade."
Mime-se. Retome a capacidade de estar em silêncio, se deixou de o fazer. Desafie-se, acabou de ler uma proposta que mostra que mesmo na rua podemos criar esse espaço! Se já o faz, parabéns! O seu corpo agradece!
Diz-se que o silêncio é de ouro. Vamos praticá-lo mais? Vamos retomar capacidade de foco no que nos rodeia?
Referência: A magia do silêncio. Kankio Tannier.
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