O estudo "Quem são, o que pensam e como se sentem as mulheres em Portugal"*, concluiu que há uma desigualdade acentuada entre homens e mulheres no que diz respeito a trabalho doméstico mas também na educação dos filhos
Foi publicado em 2019 pela Fundação Fundação Francisco Manuel dos Santos e vamos seguir neste post a notícia que consta do site da TSF.
Pelo estudo ficámos a saber que
"se a renovação de gerações acontecer a cada 30 anos, as mulheres portuguesas podem ter de esperar 180 anos para verem os companheiros a partilhar os afazeres da casa de forma igual."
E ainda que
" as mulheres destinam mais de metade do tempo em que estão acordadas a fazer trabalho não pago. Desde limpeza da casa, lavandaria, compras de supermercado e cuidados com os filhos, as mulheres dedicam quase seis horas por dias a trabalho não pago, quer tenham ou não um emprego fora de casa."
Ainda na mesma linha, relativamente a tarefas domésticas
" as mulheres suportam mais do triplo de trabalho que o companheiro (74%), enquanto o homem com quem vivem está responsável por 23% dos afazeres. Os casais considerados simétricos, em que ambos partilham igualmente os afazeres da casa, correspondem a 30% dos casos."
Continuamos a seguir a notícia que menciona, de acordo com os resultados do estudo, que
"quase um terço das mulheres que mora com um homem (56%) refere que, antes de viverem juntos até negociaram a partilha das tarefas, mas esse combinado só está a ser cumprido em 67% das situações."
No que respeita ao caso das mulheres que a vivem sozinhas mas esperam vir a partilhar a vida com um companheiro
" há algum otimismo mas, segundo a pesquisa, estas mulheres nem consideram a hipótese de haver um equilíbrio nas tarefas domésticas e admitem que vão ter de ser elas a assumir a maioria do trabalho."
E quanto à educação dos filhos?
No que diz respeito à educação e cuidado dos filhos, a lógica relativa à partilha de tarefas domésticas, mencionada atrás, é semelhante:
" As mulheres garantem 73% do trabalho, enquanto os companheiros asseguram 21%. Para estas contas entra também a assistência dos avós e ajuda remunerada que se fica pelos 6%".
Quanto ao tempo exigido pelo cuidado e pelas tarefas domésticas:
"As entrevistadas com um filho ou neto até aos cinco anos dedicam um total de 82% do tempo a cuidar da criança e a tratar das tarefas domésticas, acabando por ficar com menos de uma hora por dia para si próprias."
Quanto ao contributo do pai para a educação dos filhos, não houve nenhuma evolução na última geração, concluiu o estudo, mas os investigadores admitem que viram melhorias entre alguns casais.
Ou seja:
a divisão de tarefas domésticas e educação dos filhos em Portugal, de forma igual, é ainda uma miragem.
a divisão de tarefas domésticas e educação dos filhos em Portugal, de forma igual, vai continuar a uma miragem - por demasiados anos.
com tal sobrecarga familiar como pode uma mulher garantir o tempo necessário para cuidar-se?
Como pode garantir-se a saúde, o bem-estar a harmonia interior das mulheres se às responsabilidades familiares juntarmos as profissionais e outras?
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*O estudo Quem são, o que pensam e como se sentem as mulheres em Portugal, "foi coordenado pela investigadora Laura Sagnier. Foram entrevistadas 2428 mulheres - entre os 18 e 64 anos a viver em Portugal. A amostra que representa perto de 2.7 milhões de mulheres no país."
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