Ser terapeuta, não foi uma escolha durante muito tempo. Ser terapeuta foi um desafio e não foi uma decisão imediata. Nada imediata, diga-se. A formação contínua em diferentes terapias, essa, tornou-se uma decisão imediata.
Talvez a vida me tenha tentado levar com suavidade nesse sentido mas não fui capaz de ler isso.
Por isso, talvez mais tarde tenha empurrado com a força suficiente para que visse que há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia, como escreveu Shakespeare no seu Hamlet.
Se não foi uma escolha, nem uma decisão como cheguei até aqui, ao momento em que assumo as terapias numa vertente profissional?
Foi a construção de um caminho que, como todos se iniciou com o primeiro passo: num certo fim de semana precisei de falar com uma pessoa conhecida. Não estava. Tinha a responsabilidade de organizar um seminário de Reiki nesse fim de semana perto da minha residência.
Nunca tinha ouvido falar da terapia Reiki e a minha curiosidade natural levou à pergunta: o que é isso? A resposta foi dada à minha medida: Já ouviu falar de ioga? O meu sim levou à explicação básica para permitir o meu entendimento: O Reiki é uma espécie de ioga sem movimentos.
Foi música para os meus ouvidos. Há quase três meses um familiar próximo tinha sofrido um violento acidente rodoviário com longo período de imobilização. Era o mês de maio, o final de ano letivo aproximava-se e com ele a avaliação final que abrangia também alunos dos últimos anos dos cursos de formação de professores.
Não podia faltar-lhes pois tinha-os seguido ao longo do percurso formativo na Escola Superior de Educação - e avaliar é mais do que uma média aritmética, é preciso o conhecimento que vai para além dos números. Mantive-me a trabalhar. A opção teve custos.
O cansaço, o stress, a ansiedade tiraram-me o sono. Deixei de dormir e nem os indutores de sono funcionaram.
O médico já me tinha recomendado ioga. Na altura não havia no local onde vivia. Por isso, quando ouvi que o Reiki era uma espécie de ioga sem movimentos avancei a pergunta: ainda posso participar no seminário? Não sabia a resposta mas que contactasse pois estavam prestes a iniciar o segundo dia de trabalho. Contactei e tive permissão para aparecer, fizeram-me uma breve introdução teórica, com a disponibilidade para a aprofundar caso a leitura do livro de Reiki distribuído aos participantes no Curso não me fosse claro.
E começaram as práticas de Reiki. Nada me parecia fazer sentido... As posturas, as posições das mãos, tudo. Nada estabelecia pontes com a minha racionalidade.
A boa e inesperada surpresa veio com a noite. Finalmente dormi.
Como dormi , se as práticas de imposição das mãos me eram desconhecidas, se questionei continuamente o que vi, se nada esperei?
A resposta só podia ser uma: o Reiki tinha funcionado!
Não só tinha dormido como me sentia mais tranquila. Li o livro de Reiki que fazia parte da iniciação de rajada. E comprei outros e outros - para melhor entender e dominar o processo - sim a minha mente lógica e analítica continuava no comando - o meu hemisfério esquerdo ainda era o rei absoluto.
A aplicação regular de Reiki em mim e em quem estava à minha volta mostrava a sua força tranquila, apaziguadora, curativa e forte.
E depois dos níveis do Reiki (Usui), a continuação da formação de Reiki:
Karuna Reiki (o Reiki da compaixão) que me trouxe uma experiência forte e inesperada durante a iniciação - mais uma vez um grande desafio à minha racionalidade...
E um dia o Mestrado quando uma jovem com uma doença autoimune me disse que queria fazer a iniciação mas só faria comigo. E por ela e com ela me tornei Mestre de Reiki.
E com o tempo outras terapias foram entrando, até ao momento atual, como por acaso fruto de aparentes e curiosas coincidências (existem?). Cada uma delas trazendo novos olhares, novas possibilidades para ajudar a restabelecer a harmonia e bem-estar perdidos nos "dias do avesso".
O que mudou com o estudo progressivo das terapias?
O meu hemisfério direito foi ganhando progressivamente espaço - e a forma como me via e me lia a mim e ao mundo foi mudando e fui ganhando novas e diferentes competências.
Talvez tenha salvo vidas em desespero; seguramente a muitas pessoas com quem me tenho cruzado na vida, ajudei a encontrar a paz perdida - assim mo disseram.
A minha vida sei que salvei.
Hoje sou eternamente grata pela oportunidade que a vida me trouxe - e não escolhi.
Graças a ela estou aqui a conversar consigo, a falar do meu percurso de terapeuta profissional. Quem sabe se nos vamos encontrar um dia?
Muita paz!
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